“Higesipo Brito” por Higesipo Brito (Cap. IV)
Desfile de Carnaval do Clube Cravo Vermelho
Praça Melo Viana – Sabará-MG – Década de 1930
AS MEMÓRIAS DE UM MENINO, DE UM JOVEM, DE UM HOMEM
HIGESIPO BRITO
Para prosseguir a história de Higesipo, é preciso retroceder alguns anos, quando o menino tinha apenas 5 anos de idade e foi iniciado na música, com aulas de violão ministradas por seu pai. Constatado o talento do filho, aos sete anos, ainda em Pirapetinga, Secundo o matriculou nas aulas de teoria musical com o músico conhecido por Capitão Souza (Antônio Agostinho Alves da Neiva). Um tempo depois, aos treze anos, quando a família se foi para a Vila de Catas Altas da Noruega, Higesipo estudou com o maestro da Banda Santa Cecília – Silvino de Rezende Neiva (filho do Capitão Souza), que o introduziu nos estudos de clarineta e saxofone, o que levou-o a tornar-se um saxofonista logo integrado à banda da cidade.
A partir de 1930, além de ajudar o pai em algumas atividades, Higesipo trabalhou como balconista de loja e marceneiro. Em 1934, vizinho de uma das farmácias existentes na Vila, a Farmácia Neiva, convidado que foi pelo proprietário, passou a trabalhar como auxiliar farmacêutico, onde permaneceu pelo tempo de, aproximadamente, dois anos. Isto porque em fevereiro de 1936, em companhia do Maestro Neiva, rumou para Sabará, onde foi integrado à “Orquestra Cravo Vermelho”, tocando no Carnaval daquele mesmo ano, tendo a orquestra sido classificada em primeiro lugar nos quesitos fantasia e música, em concurso realizado anualmente. De Sabará, como estava previsto, Neiva e Higesipo seguiram para a cidade de Caeté com a missão de, com mais seis músicos que partiram direto da Vila de Catas Altas e mais alguns músicos caeteenses, fundarem uma banda de música, que recebeu o nome de “Euterpe João Pinheiro”, corporação musical que desafia o tempo, mantendo-se, ainda, em plena atividade.
Vista parcial de Caeté-MG – 1930
Fichado que foi como empregado da Indústria de Tubos Barbará S.A., Higesipo passou a residir no bairro denominado Pito Aceso, pagando pensão à Dona Carola – mulher cujo carinho a ele dispensado era como se fosse a própria mãe – porém, morando na casa de seu filho, conhecido como Neném do Pito, onde a amizade e o carinho eram também redobrados. Dessas pessoas – tão amigas que foram – este relator recorda com saudade. Como também da senhora esposa do Neném – Dona Maria – e de seu filho Alencar, sua filha Dona Otília e seu esposo Geraldão, e das filhas de Dona Carola: Dona Noeme e seu esposo Ricardo, Dona Nhaná e seu esposo Antônio, e ainda, uma de suas netas – a Lucília – que morava em Codisburgo, mas veio a falecer atropelada na linha férrea.
Igreja Matriz de Santo Antônio do Rio Acima
Edificada pela Irmandade do Santíssimo Sacramento,
no final do Século XIX, e demolida em 1953.
Com a transferência da Barbará para Volta Redonda, em agosto de 1937, embora convidado a acompanhar a empresa, atendendo aos interesses locais que visavam sua condição de músico e prático em procedimentos farmacêuticos (naquela época a maioria dos remédios receitados pelos médicos eram manipulados), o então prefeito de Caeté – José Nunes de Melo – visando a permanência de Higesipo na cidade, não permitiu que de lá partisse, pagando-lhe, pela prefeitura, o salário que recebia na Barbará, empregando-o, primeiro, como apontador, na empresa de construção da estrada Caeté – Roças Novas, e a seguir, na farmácia da Santa Casa de Misericórdia, onde atuou por onze meses. Assim, somente em 1° de abril de 1938, este relator deixou Caeté com destino a Rio Acima, também a convite, neste caso, do Senhor Carmindo de Jesus, então gerente da S/A Metalúrgica Santo Antônio, e com a mesma finalidade de exercer a música (convite transmitido por seu irmão Amantino – de saudosa memória), na Lira Musical Santo Antônio e na orquestra instrumental do Coral Sacro, grupos musicais mantidos pela empresa.
Américo Renné Giannetti e o Presidente Getúlio Vargas
Palácio do Catete – Rio de Janeiro – 1945
A S/A Metalúrgica Santo Antônio pertencia ao grupo de empresas fundadas pelo empresário italiano pioneiro da indústria de alumínio em Minas Gerais, Américo Renné Giannetti, responsável direto pelo desenvolvimento sociocultural da cidade de Rio Acima. A foto registra o momento em que o industrial entrega o primeiro lingote de alumínio, produzido na Elquisa, em Saramenha, ao então Presidente da República Getúlio Vargas.
HIGESIPO BRITO
Rio Acima, SET 1995.
A narrativa do autor prossegue em próxima postagem.
Referência:
BRITO, Higesipo Augusto de. As memórias de um menino, de um rapaz, de um homem [Rio Acima, set. 1995. 17 f. Mimeografado]. Chá.com Letras, ago./set./out., 2013.
Revisão, pesquisa de imagens e edição:
Leila Brito
Ilustração:
Foto 1 – Desfile do Clube Cravo Vermelho na Praça Melo Vianna em Sabará-MG – Década de 1930 – Foto de autor desconhecido. Disponível em: <http://destinosabara.blogspot.com.br/2010_10_10_archive.html>.
Foto 2 – Vista parcial de Caeté-MG – 1930 – Foto de autor desconhecido. Arquivo da Secretaria Municipal de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer. Disponível em: <http://dc444.4shared.com/doc/dDFDjs9t/preview.html>.
Foto 3 – Igreja Matriz de Santo Antônio do Rio Acima – Edificada pela Irmandade do Santíssimo Sacramento, no final do Século XIX e demolida em 1953, por ordem do Pe. Osvaldo Carlos Pereira, para a edificação de um novo templo – Autor desconhecido – Retirada do livro de NAHAS JÚNIOR, Antônio. Rio Acima: Fragmentos da história de Minas. Belo Horizonte: Comunicação de Fato, 2010.
Foto 4 – O industrial Américo Renné Giannetti com o Presidente Getúlio Vargas, no Palácio do Catete – Rio de Janeiro – 1945. Autor desconhecido. Disponível em: <http://viva-saramenha.blogspot.com.br/2011/10/dr-americo-renee-giannetti-entrega-1.html>.
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