Requiem Aeternam

Eni de Brito (em 1986)

RÉQUIEM A ENI DE BRITO

LEILA BRITO
(Discurso de corpo presente – Cemitério de Caeté, 12 maio 1996).

Eni Amiga
Eni Madrinha
Eni Mãe
Eni Mulher

São tantas as Enis numa só expressão de amor, que tamanha significação transcende a possibilidade da palavra.

São tantos os Amados, Eni, que torna-se impossível dimensionar a amplitude de sua extensão real.

São tantos os Amores, Eni, que todo sentimento do mundo não caberia na profundidade de sua infinita essência humana.

Eni – a Amiga.
Eni – a Madrinha.
Eni – a Mãe.

O dia escolhido para a travessia foi o Dia das Mães. E não poderia ter sido diferente. Você soube encontrar o momento que mais se identificou com seu jeito maternal de ser acolhedora, amorosa e carinhosa. Jeito de mãe de todos aqueles que, a seu tempo e hora, foram presenteados com o encontro do seu abraço aconchegante e protetor.

Eni Amiga
Eni Madrinha
Eni Mãe
Eni Mulher

São tantas as Enis, mas é a Eni Mulher que ora rouba-me a emoção maior.

Eni – Mulher Guerreira de mil batalhas – pela liberdade do ser mulher que reside em cada uma de nós.

Eni – Mulher Guerreira de mil mortalhas – pela libertação do sofrimento físico e moral imposto pelos ditames de uma sociedade hipócrita assentada na covarde cultura misógino-machista que sempre nos marcou a ferro e fogo.

Eni – Mulher Guerreira de mil vitórias – pela conquista da cidadã honrada que sempre foi desde jovem, suplantando, com sua força de caráter, todas as lutas e todas as mortes, impondo-se, no seu tempo de vida, pela lucidez de um contínuo reiventar-se poderosa: Mulher Emergente e Autêntica, pois, acima de tudo, uma Mulher assumida da sua condição feminina.

Eni – Mulher-História de muitas histórias.
Eni – Mulher-Coragem de muitas lutas.
Eni – Mulher-Amor de muitos amores.

ENI-Mulher.

OBSERVAÇÃO
Eni de Brito, natural de Rio Acima-MG, nasceu na década de 1930 e faleceu em 12 de maio de 1996.

ILUSTRAÇÃO
Foto de Eni de Brito, sendo homenageada como fundadora da Escola de Samba Unidos da Alegria, de Caeté-MG, como o Troféu “Pequeno Jornaleiro de Destaque Carnavalesco de 1986” – Jornal Opinião, abril de 1986. Disponível em https://www.opiniaocaete.com.br/aconteceu-em-1986/