Category: Literatura

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Requiem Aeternam

RÉQUIEM A ENI DE BRITO

LEILA BRITO
(Discurso lido momentos ante seu corpo – Cemitério de Caeté, 12 maio 1996). 

Eni Amiga
Eni Madrinha
Eni Mãe
Eni Mulher
São tantas as Enis numa só expressão de amor, que tamanha significação transcende a possibilidade da palavra.

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De Vênus para Vênus

PRIMEIRA MORTE LEILA BRITO Começava a morrer ali e já me conformava me preparava antecipando o momento.   Saí levada pelo eco das palavras lançada em resposta pisando no ar.   Conselho amigo me...

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Homenagem ao Amigo Escritor e Poeta Max Portes

HOMENAGEM AO ESCRITOR E POETA
MAX PORTES
(Caratinga, 14.10.1944 – Caratinga, 06.01.2014)

ELEGIA A NÓS MESMOS
MAX PORTES
a começar por nós
somos os outros

porque não vamos mais e além e depois
de nós mesmos –
nos deixamos plantados em esperas
pois havemos de voltar cedo ou tarde
quando seguir
é o inteirar-se da volta
nos amanhãs de ontens

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Diante da Lei

FRANZ KAFKA
Diante da Lei há um guarda. Um camponês apresenta-se diante deste guarda, e solicita que lhe permita entrar na Lei. Mas o guarda responde que por enquanto não pode deixá-lo entrar. O homem reflete, e pergunta se mais tarde o deixarão entrar.
– É possível – disse o porteiro –, mas não agora. 
A porta que dá para a Lei está aberta, como de costume; quando o guarda se põe de lado, o homem inclina-se para espiar. O guarda vê isso, ri-se e lhe diz:
– Se tão grande é o teu desejo, experimenta entrar apesar de minha proibição. Mas lembra-te de que sou poderoso. E sou somente o último dos guardas. Entre salão e salão também existem guardas, cada qual mais poderoso do que o outro. Já o terceiro guarda é tão terrível que não posso suportar seu aspecto.
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Confissão

LEILA BRITO
A dor adormeceu no berço da minha criança
deixei no porão da infância os meus medos
as assombrações já não me assustam
e já são outros os meus segredos. 
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Ao Britinho, com amor.

IRMÃO SOLIDÃO
Higesipo Brito Júnior
22.11.1943 – 02.09.1998
LEILA BRITO
Como uma vida
se ocultando no ventre da mãe
como uma noite
se perdendo no escuro do céu
como uma concha
se escondendo no fundo do mar
força contida
na dor oprimida
na ausência sentida
na sorte exaurida de ter e sonhar.

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Sobre o Alvoroço da Visita de Betty Friedan ao Brasil

AS MULHERES
ROSE MARIE MURARO

Em 1971, a Editora Vozes fazia setenta anos, e a ideia era comemorá-los com tudo a que se tinha direito. Pedi licença ao diretor para trazer um autor estrangeiro. Eu queria convidar ou Nornan Brown, que fazia muito sucesso na época, Michel Foucault, ou então Betty Friedan. Madre Cristina, de São Paulo, me deu o livro de Betty Friedan para ler, e eu tinha gostado tanto que a tradução já estava pronta. Falei com ela ao telefone e ela se prontificou a vir só pela passagem, a estada e o que acontecesse, principalmente.

Fiquei com medo do evento, talvez porque eu esperava que seu livro ficasse fechado dentro das paredes das universidades. Mas, mesmo antes dela chegar, as coisas começaram a acontecer. O Pasquim fez uma entrevista preparatória comigo. Lá estavam Glauber Rocha, Paulo Francis, Ziraldo e toda a patota. Foi aí que percebi o que o feminismo realmente significava para os homens. Tenho certeza de que os “juntei”, porque eles não sabiam nada das articulações da opressão das mulheres com o econômico… Só pensavam no medo que as novas mulheres lhes causavam.
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A Visão Apocalíptica de Bukowski

DINOSAURIA, WE
CHARLES BUKOWSKI

nascido assim
nisso

como o giz de faces sorridentes
como a Sra. Morte às gargalhadas
como as paisagens políticas dissolvidas
como o peixe oleoso cuspido
fora de sua oleosa vítima.

nós nascemos assim
nisso

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O Inconformismo De Bukowski

SE NEGA A DIZER NÃO
CHARLES BUROWSKI
Há uma solidão nesse mundo
tão grande que você
pode ver em câmara lenta
nas mãos de um relógio

pessoas tão cansadas
mutiladas por amor
ou pelo não amor
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