A Outra Margem
Grande distância se forma
entre as margens.
Inúteis pontes são erguidas
na tentativa de uni-las.
Inúteis as caminhadas sobre as pontes
na tentativa de alcançá-las.
Inútil o retornar sobre as pontes
na tentativa de aproximá-las.
As margens se distanciam sempre
paralelas fiéis à geometria.
E mesmo que uma delas avance
em direção à outra
inúteis são seus esforços.
As margens estão
inexoravelmente
sepa-radas.
Olhar como margem a outra margem
distante na proximidade
faz emergir o desconforto
da inutilidade
de se tentar conquistá-la.
A outra margem é inatingível.
O rio que a separa é instransponível.
A outra margem é para ser olhada
admirada à distância.
Tentar aproximação
é expor-se ao sofrimento.
LEILA BRITO
Referência:
BRITO, Leila. A outra margem. Belo Horizonte, 10 jan. 1987. Chá.com Letras, 2013.
Ilustração:
Margem do Rio São Francisco – Chácara Mãe Rainha. Petrolina-PE. OLX.
Disponível em: <http://petrolina.olx.com.br/pictures/terreno-com-1-000-m2-a-margem-do-rio-sao-francisco-chacara-mae-rainha-iid-473428335>.
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