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O importante a ser destacado na biografia de Friederich Wilhelm Nietzsche, é que apesar de ter nascido numa família luterana em 1844, estando, portanto, destinado a ser pastor como seu pai (que morreu jovem em 1899, aos 55 anos, junto com seu avô, também pastor luterano), rejeitou a fé durante sua adolescência, e se dedicou aos estudos de Filologia. Aluno brilhante, dotado de sólida formação clássica, aos 25 anos (1869) foi nomeado professor de Filologia na universidade de Basileia. Porém, em apenas dez anos (1879), seu debilitado estado de saúde obrigou-o a deixar a carreira de professor. Sua voz, inaudível, afastou os alunos. A partir de então, optou por uma vida errante em busca de um clima favorável tanto para sua saúde como para seu pensamento filosófico: Veneza, Gênova, Turim, Nice, Sils-Maria… Em suas palavras: “Não somos como aqueles que chegam a formar pensamentos senão no meio dos livros ‒ o nosso hábito é pensar ao ar livre, andando, saltando, escalando, dançando […]”.
Assim, é nesse incessante e salutar movimento, que Nietzsche estabelece uma ruptura no pensamento filosófico (que, no seu entendimento, negligenciou todos os temas humanos que deveriam ter sido tratados), ao satirizar a tradição do idealismo e da metafísica, transferindo a Filosofia para o humano, para o demasiado humano, refletindo sobre os homens tal qual eles são, e reivindicando a restituição de direitos que lhe foram banidos pela moral cristã, pelo idealismo e pela história.
Em sua filosofia, ao buscar a verdade de todas as coisas, Nietzscheesbarra na moral tradicional, e conclui que o problema da moral é, definitivamente, um problema da verdade, da conformidade à vontade de domínio enquanto essência de vida. Assim, Nietzsche vê na moral a problemática do domínio. Tudo o que se chamou moral, até então, nada mais é que um envenenamento da vida. E num combate aos valores dominantes, ele cria uma nova filosofia, com novos valores, fazendo da vontade de poder, da morte de deus e do eterno retorno, o esteio de sustentação do seu pensamento.
Em janeiro de 1889, quando vivia em Turim, Nietzsche sofreu um colapso nervoso. Como causa foi-lhe diagnosticada uma possível sífilis. Este diagnóstico permanece também controverso. Mas certo é que passou os últimos 11 anos da sua vida sob observação psiquiátrica, inicialmente num manicômio em Jena, depois em casa de sua mãe em Naumburg e, e finalmente na casa chamada Villa Silberblick em Weimar, onde, após a morte de sua mãe, foi cuidado por sua irmã até seu falecimento em 1900.
No espaço de vídeo ao lado, é disponibilizada a primeira aula do curso Impacto de Nietzche no Século XX. Posicionamento da filosofia de Nietzsche no mundo atual. Crise dos valores, do Prof. Dr. Oswaldo Giacóia Júnior (Unicamp), que expõe didaticamente o pensamento de Nietzsche. Neste momento do curso, Giacóia comenta as idéias do respeitado filósofo alemão e a sua confrontação com o mundo contemporâneo, expondo as diferenças entre niilismos ativo e passivo, e entre homem superior e além do homem.
LEILA BRITO
Belo Horizonte, 28 JUN 2010
Ilustração:
Nietzsche fotografado por Hans Olde, em jun./ago. 1899.
Referências:
BRITO, Leila. Nietzsche como crítico da cultura: a crítica ao cristianisno e ao socratismo. Belo Horizonte: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG, 2007. 8 f. Mimeografado.
BRITO, Leila. Nietzsche: o mundo como perspectivismo de forças. Belo Horizonte: Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG, 2007. 62 f. Notas de aula.
WIKIPÉDIA. Friedrich Nietzsche. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Friedrich_Nietzsche>. Acesso em: 28 jun. 2010.
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