Feio versus Belo
O BELO DO FEIO
LEILA BRITO
E como fica o Feio perante o Belo? Simples. Havemos de valorizar o Feio tanto pela sua função no reconhecimento do Belo como, e em especial, pela sua função de protesto, no sentido sócio-político-filosófico, como se apresenta, por exemplo, na Guernica de Pablo Picasso. A Arte não existe destituída da Sensibilidade Humana e também da Política – que encerram o significado da nossa humanidade.
Felizmente, o Belo que a Arte expressa vai muito além do visualmente belo (este que todos valorizam e tomam como o lado positivo de uma moeda onde o Feio é visto como o lado negativo), por projetar este sentido sócio-político-filosófico. Assim, quando valorizamos o Feio, exibindo-o (um grupo de crianças buscando comida em um lixão ou um grupo de moradores sendo atacado pela PM numa operação de desocupação), estamos exercendo o realmente Belo da nossa essência: a sensibilidade humana, ou seja, aquela que projeta o Humano que cada Ser traz em si, ou não.
Por isso, aquele que valoriza o Feio da vida e da sociedade (outro bom exemplo desse tipo de cidadão conectado com a feiúra em sua arte é o fotógrafo), está valorizando o Belo da humanidade que reside em Si e naqueles que sofrem com a feiúra da vida em sociedade. Neste sentido, o Feio supera o Belo.
LEILA BRITO
Belo Horizonte, 6 SET 2014.
Referência:
BRITO, Leila. O Belo do Feio [6 set. 2014]. Chá.com Letras, 9 out. 2014. Disponível em: <http://www.chacomletras.com.br/?p=4235>
Ilustração:
“Guernica” de Pablo Picasso [Malaga, Espanha, 1881 – Mougins, França, 1973] – 1937 [1 de Maio a 4 de junho, Paris] – Pintura – Óleo sobre Tela – 349,3 x 776,6 cm – Registo n° DE00050. Disponível em: <http://sanalfonsomadrid.wix.com/reflejos#!reinasofia/c1y88>
OBS.: O governo da República Espanhola adquiriu “Guernica Mural” de Picasso em 1937. Quando a segunda guerra mundial estourou, o artista decidiu que a pintura deveria permanecer na custódia do Museu de Arte Moderna de New York, até que o conflito terminasse. Em 1958, Picasso estendeu o empréstimo da pintura a MoMA por um período indefinido, até o momento em que a democracia tivesse sido restaurada na Espanha. O trabalho retornou finalmente a este país em 1981.
Quero comentar tbém sobre a relação BELO E FEIO…pois é assunto que me interessa muito nesse diálogo. Goya p. exemplo, Picasso, como vc mesma publica, e diversos outros autores, principalmente artistas plásticos, já se debruçaram sobre essa extraordinária relação. Picasso, qdº retorna da Àfrica, o que aliás marcou sua trajetória e promoveu significativa mudança no movimento da História da arte com o Óleo sobre tela Les demoiselles d’Avignon…e o assunto, pela riqueza de conteúdo, viaja rumo ao infinito. Descobri isso, no início dos anos 90 ao pesquisar sobre CRIATIVIDADE E PROCESSOS CRIATIVOS, tendo como referência o psicanalista Rollo May. Este, praticava a psicanálise, mas tinha sensibilidade e foco nas artes visuais…viajava com grupos de artistas…e recomendo que veja dele MINHA BUSCA DA BELEZA, A CORAGEM DE CRIAR…caso vc não conheça…
Sergio Moura