Vídeo da Semana
Fagner
O Chá.com Letras homenageia Cecília Meireles na música e voz de Raimundo Fagner, querido e aplaudido cantor e compositor brasileiro que soube, com a mesma sensibilidade da poeta, musicar seu poema Canteiros.
A ousadia de Fagner foi punida com um processo judicial movido pelos herdeiros de Cecília Meireles, porque apesar de ter registrado e divulgado a parceria com a poeta no próprio disco, não havia solicitado autorização para fazer uso comercial de seus versos. Naquele mesmo ano, 1977, havia musicado o poema Epigrama N. 9, registrado no disco “ORÓS”. E, novamente, em 1978, musicou Motivo, inclusive, utilizando para fins comerciais alguns versos do poema na parte interna e na capa do elepê intitulado de “EU CANTO”.
No dia seis de novembro de 1979, Raimundo Fagner admitiu, ao ser interrogado pelo Juiz Jaime Boente, na 16a. Vara Criminal, que “sem tirar a beleza dos versos, procurou fazer uma adaptação à música”, reconhecendo o uso indevido do poema Marcha, da poeta, na composição Canteiros, registrada na primeira edição do elepê “MANERA FRU FRU, MANERA”. Para o Juiz Jaime Boente, Raimundo Fagner violou a Lei n. 5.988/73, que regula os direitos autorais, e com a agravante de plágio, nos artigos 184 e 185 do Código Penal.
A novela judicial envolvendo o cantor Raimundo Fagner e a música Canteiros somente terminou em 1999, quando a gravadora Sony Music fez um acordo com as herdeiras de Cecília Meireles para a regravação da música, o que aconteceu em janeiro de 2000, em Fortaleza, no primeiro registro ao vivo das músicas do compositor cearense. O disco ”RAIMUNDO FAGNER – AO VIVO”, com Canteiros, foi lançado em fevereiro de 2000.
E é este show que eu desejei apresentar em nosso espaço de vídeo. Mas na impossibilidade, pois os vídeos oficiais estão vedados para exibição fora do Youtube, apresento uma montagem visual com o audio desta bela canção. Com vocês… Raimundo Fagner interpretando o poema Canteiros de Cecília Meireles.
LEILA BRITO
Belo Horizonte, 29 set. 2010
CANTEIROS
Quando penso em você
fecho os olhos de saudade,
tenho tido muita coisa
menos a felicidade.
Correm os meus dedos longos
em versos tristes que invento,
nem aquilo a que me entrego
já me dá contentamento.
Pode ser até manhã
cedo, claro, feito o dia,
mas nada do que me dizem me faz sentir alegria.
Eu só queria ter do mato
um gosto de framboeza,
pra correr entre os canteiros
e esconder minha tristeza.
E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza,
deixemos de coisa, cuidemos da vida,
senão chega a morte
ou coisa parecida
e nos arrasta moço
sem ter visto a vida.
CECÍLIA MEIRELES
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