O poeta-mor e sua poesia
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
LEILA BRITO
Poeta, contista e cronista, Drummond é considerado um dos maiores poetas da língua portuguesa e da literatura latino-americana, sendo respeitado por críticos nacionais e estrangeiros como um dos grandes poetas universais. Ao longo de sua vida, produziu mais 40 livros, muitos deles traduzidos para países como França, Inglaterra, Itália, Alemanha, Suécia, Argentina, Chile, Peru, Cuba, Estados Unidos, Portugal, Espanha e Tchecoslováquia.
Nascido e criado na cidade mineira de Itabira-MG, o “poetinha” levaria por toda a sua vida, como um de seus mais recorrentes temas, a saudade da infância. Precisou deixar para trás sua cidade natal ao partir para estudar em Friburgo e Belo Horizonte.
Em 1930, seu livro “Alguma Poesia” foi o marco da segunda fase do Modernismo brasileiro. Nele o autor demonstra grande amadurecimento poético, reafirmando seu distanciamento dos poetas tradicionalistas com o uso da linguagem coloquial, que já começava a ser aceita pelos leitores. Já nessa fase, Drummond aborda temas como o desajustamento do indivíduo e o contexto sócio-político da época, como em “A Rosa do Povo” (1945). Apesar de temáticas fortes, o poeta imprime rara leveza às palavras, guiado por espontâneo humor e sóbria ironia.
Para Alcides Villaça, professor de Literatura Brasileira da USP e ex-professor-visitante da Unicamp, especialista em Drummond, a importância do poeta para a poesia brasileira “está na altura a que ele elevou um discurso poético carregado, ao mesmo tempo, de reflexão inteligente e fortíssima sensibilidade, de tal modo que o leitor é envolvido por uma onda rítmica, onde belas imagens e iluminações do pensamento se dialetizam o tempo todo” (FAVA, 2002, p. 6).
Para Cunha (2006, p. 2), Drummond é um dos primeiros poetas brasileiros e o mais importante de sua época quanto ao questionamento filosófico da vida, do homem e do mundo, constituindo uma lírica densa, ampla e inesgotável.
Tendo sido fortemente marcado pelo comportamento irreverente e iconoclasta dos primeiros modernistas, o poeta acompanhou, desde então, todos os desdobramentos da literatura moderna. Sendo assim, a poesia drummondiana sintetiza e transcende, na multiplicidade de aspectos que abrangeu, toda a evolução da nossa poesia moderna: do poema-piada à poesia participante, da poesia experimental às formas clássicas, dos exercícios lúdicos ao lirismo intimista, da poesia de circunstância à poesia metafísica, do poeta engajado ao autofechamento, do humanismo solidário ao niilismo, do poeta mineiro-itabirano ao poeta universal, da objetiva secura à ternura, enfim, do “moderno ao eterno” (CUNHA, 2006, p. 2).
E como ficou chato ser moderno,
Agora serei eterno.
Em todas essas vertentes, o poeta expressou a sensibilidade moderna, ou seja, a experiência existencial do homem da grande cidade e da sociedade de massa, convertendo-a em alta literatura lírica, a partir de uma poesia extremamente rica e substancial (CUNHA, 2006, p. 2).
Referências:
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE. Biografia. Disponível em: <http://www.carlosdrummonddeandrade.com.br/index.php>. Acesso em: 30 dez. 2010.
CUNHA, Antonieta. Carlos Drummmmond de Andrade. São Paulo: Moderna, 2006. Disponível em: <http://literatura.moderna.com.br/catalogo/encartes/85-16-05057-2.pdf> Acesso em: 16 dez. 2010.
FAVA, Antonio Roberto. A dialética iluminada de Drummond. Jornal PDF. Universidade Estadual de Campinas, 14 a 20 out. 2002, p. 6. Disponível em: <http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/jornalPDF/194-pag06.pdf>. Acesso em: 16 dez. 2010.
Referência deste artigo:
BRITO, Leila. O poeta-mor e sua poesia. Belo Horizonte: Chá.com Letras, 2011. Disponível em: www.chacomletras.com.br
Ilustração:
Foto de autor desconhecido desta escritora.
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