Música do Nordeste (III)
Xangai é considerado o melhor intérprete de Elomar, propiciando, inclusive, a facilitação do entendimento das composições deste compositor classificado, por muitos, como erudito. Em 1980, lançou o disco “Parceria Malunga”, pela extinta gravadora Marcus Pereira.
Por ser descendente direto do bandeirante João Gonçalves da Costa, fundador do Arraial da Conquista, atualmente Vitória da Conquista, pensava-se que Xangai tinha nascido naquela cidade, mas foi às margens do córrego do Judiá, afluente do Rio Jequitinhonha, na zona rural da pequena cidade de Itapebi, lá no extremo sul da Bahia, que veio ao mundo Eugênio Avelino, durante as águas de março de 1948. Filho e neto de sanfoneiros, ainda menino cruzou a fronteira do seu Estado e foi morar com seus pais, na cidade de Nanuque, no norte de Minas Gerais.
O apelido de Xangai adveio de uma sorveteria do seu pai em Nanuque, batizada com o nome da distante cidade asiática, originando daí o seu nome artístico. Ainda adolescente, foi morar em Vitória da Conquista, onde recebeu a influência de muitos cantadores.
Acontecivento, este é o nome do seu primeiro disco, lançado em 1976. Esta Mata Serenou, Forró de Surubim e Asa Branca são músicas que se destacaram no disco. Em 1979, teve início a sua parceria com o multiartista campoformosense Augusto Jatobá. Dois anos depois, lançou o LP Qui Tú tem Canário pelo selo Kuarup. Em 1999, foi convidado para participar do disco de comemoração dos 100 anos do Esporte Clube Vitória, time do seu coração.
Seu último lançamento no mercado fonográfico foi Estampa Eucalol, em 2006. No dia 16 de março de 2007, participou de um show com Waldick Soriano, em Caitité, cidade natal do rei da música brega tupininquim.
“Xangai, um cantor, um artista, um menestrel, um dos maiores poucos gatos pingados e tresloucados sonhadores-de-mãos-sangrentas-contrapontas-afiadas inimigas. Remanescentes que teima guardar a moribunda alma desta terra. Que também vai se atropelando contra a multidão de astros constelados que fulgurantes espargem luz negra dos céus dos que buscam a luz. Lá vai ele recalcitrante e contumás cavaleiro, perdulário da bem querência que deixa a índole dissoluta de um pobre povo que habita o espaço rico de uma pátria que ainda não nasceu […]” Casa dos Carneiros, minguante de maio de 1991 – Elomar Figueira de Melo.
O compositor apresenta, na Rádio Educadora da Bahia, há alguns anos, o programa Brasileirança, que muito tem contribuído para divulgação da música nordestina.
Galope à Beira Mar Soletrado
[Xangai/ Ivanildo Vilanova]
No ma-ti-nal
a me-ren-da
re-co-men-da
ser só fru-gal
pas-ta den-tal
de es-co-var
de-ve la-var
com co-li-pe
no ga-lo-pe
da bei-ra-mar
Não dei-xe
o in-tes-ti-no
fi-car fi-no
que só fei-xe
co-ma pei-xe
no pa-la-dar
um ca-la-mar
es-ca-lo-pe
no ga-lo-pe
da bei-ra-mar
Um ex-em-plo
de gi-gan-te
ru-mi-nan-te
um ca-me-lo
pa-ta pe-lo
ru-di-men-tar
pa-ra ma-tar
se-re-le-pe
no ga-lo-pe
da bei-ra-mar
Es-car-la-te
tan-ge-ri-na
vi-ta-mi-na
no to-ma-te
a-ba-ca-te
ver-de po-mar
pa-ra cor-tar
tos-se gri-pe
no ga-lo-pe
da bei-ra-mar
Um re-gi-me
de ver-da-de
li-ber-da-de
é seu ti-me
é su-bli-me
ser po-pu-lar
par-la-men-tar
par-ti-ci-pe
no ga-lo-pe
da bei-ra-mar
Referências:
QUEIROZ, William Veras de. Eugênio Avelino: o menestrel dos sertões. Blog Sol Vermelho. Santo Antônio de Salgueiro-PE, 2010. Disponível em: <http://blogsolvermelho.blogspot.com/2010/09/eugenio-avelino-xangai-filho-e-neto-de.html >. Acesso em: 25 dez. 2011.
Ilustração:
Eugênio Avelino: o menestrel dos sertões. Disponível em: < http://blogsolvermelho.blogspot.com/2010_09_01_archive.html>
Acesso em 25 dez. 2011.
Vídeo:
AVELINO, Eugênio; VILANOVA, Ivanildo. Galope à beira mar: DVD “Estampas Eucalol”. Disponível: <http://www.youtube.com/watch?v=XH6BO9O5aEM>. Acesso em 25 dez. 2011.
Voce tem razão. Realmente, a Eva é bem delicada no conteúdo da mensagem! Essa Eva é bem diferente das Evas de hoje! Ela é dócil, romântica, elegante….!
bjus