
SOBRE SER DE ESQUERDA, DIREITA E EXTREMA-DIREITA E O QUE ISSO TEM A VER COM O ABORTO
Parte do meu conhecimento – relacionado à experiência de Mãe e Educadora -, sobre a formação da Mentalidade Humanista de Esquerda, leva-me a atestar ser ela totalmente oposta à Mentalidade Exclusivista-Egoísta de Direita e Negacionista-Segregacionista de Extrema-Direita.
Antes de prosseguir minha análise, importante expor o meu conceito de Mentalidade, conforme exposto na obra de minha autoria “Bendita Mulher Maldita” (2018, p. 249): “Conjunto de valores adquiridos determinantes do caráter, é a mentalidade que estabelece a forma como o indivíduo ‘age’ sobre as circunstâncias, definindo suas ações segundo os princípios éticos e morais que norteiam sua visão de vida e de mundo.” Sendo assim, a mentalidade de um cidadão de esquerda encontra-se diametralmente oposta à mentalidade do cidadão de Direita e de Extrema-Direita. Razão da impossibilidade de se colocar esses três cidadãos no mesmo patamar ideológico.
Reside nessa oposição ideológica da Esquerda a origem da minha discordância de se colocar os seus membros na mesma massa acrítica da Direita e, em especial, da Extrema-Direita, como se os esquerdistas não fossem instruídos, mesmo que informalmente, em Política, Filosofia e História, por estudos conectados à questão político-ideológica.
Importante ressaltar, que independente do alcance desses estudos em termos de conteúdo, em razão da própria conformação ideológica Humanista da sua identidade política, a mentalidade de um esquerdista se opõe frontalmente à dos direitistas e ultra-direitistas.
Fato é que a maioria dos esquerdistas é bem instruída em Política, mesmo que tal instrução advenha dos pais e de militância familiar. É por isso que até mesmo as crianças mais pobres, cujos pais militam na Esquerda, como os filhos dos membros do MST, MTST e outros movimentos socialistas, crescem instruídos em Política.
Sobre a questão do Aborto assistido, defendido pela Esquerda, há que perguntar se aqueles que se integram ideologicamente ao Machismo são de fato esquerdistas. Isto porque todos os Contrários à Legalização do Aborto (seja homem, seja mulher) são, indistintamente Machistas, mesmo negando a se reconhecer como tal.
Negativa fácil de ser derrubada à constatação de que todos os contrários ao Aborto, conforme determinado pelas Leis do Direito (que respeitam, sim, a condição humana do feto após a sua categorização biológica de ser humano cerebral alcançada a partir da 15a, semana de gravidez), são homens e mulheres que se apoiam no fanatismo religioso para condenar a Mulher à escravidão geracional – condenação advinda do Machismo inaugurado pelo catolicismo na Bíblia, a partir do Genesis -, negando-lhe o direito ao seu próprio corpo, a saber, “o seu direito à autodeterminação reprodutiva sobre uma circunstância que impactará drasticamente sua vida” (Bendita Mulher Maldita, 2018, p. 117), e até mesmo o seu direito constitucional à vida.
São esses os fanáticos que, apoiados no incoerente Deus Macho Bíblico rotulam o Aborto de ‘pecado mortal’, e por isso o consideram um crime contra a vida do feto. Mas… E a vida da mulher? Não vale nada? Se ela morrer antes, durante ou depois do parto, não se trata também de um assassinato? Se ela for forçada a ter um filho, e levada pela depressão psíquica se matar, também não se trata de assassinato? Se ela morrer em razão de aborto clandestino, como milhões de Mulheres Pobres já se foram desse mundo, não seria um assassinato? É aí que se revela a limitação cognitiva dos Contrários ao Aborto, configurada pela ausência de um raciocínio lógico obscurecido pelo fanatismo religioso.
É neste sentido que a Religião, valendo-se de um violento controle da consciência do seu seguidor, atua como promotora do seu emburrecimento, inibindo ou anulando (isto depende da idade do cidadão), pelo medo do inferno e de outros castigos em vida, o pleno desenvolvimento de sua capacidade cognitiva. Por meio de inequívoca chantagem emocional, a Religião convence seu adepto a adotar as lendas da Bíblia como verdades. Como eles não sabem sequer o que é lenda (gênero literário), caem facilmente no “conto do vigário” – crime cuja denominação, ao que tudo indica, tem origem na manipulação exercida pelo Cristianismo, via vigário paroquial (desde os áureos tempos da Igreja Católica), sobre o seu “rebanho”, que, no meio político, recentemente, recebeu o cognome de “gado”.
Penso que o problema dos seres humanos – que constituem esses “rebanhos” e “gados” contrários ao Aborto -, é mesmo a grave deficiência cognitiva que os levou à mentalidade Escravocrata oposta à mentalidade Humanista: tanto no sentido de ser servido (os mais abonados e espertos) como de servir (os menos abonados e lerdos). A mesma mentalidade daquela família do interior de Minas que escravizou e explorou por 38 anos a cidadã Madalena Gorgiano. Já repararam que a escravização dos negros pobres por famílias brancas atinge mais as mulheres? E que a escravização dos homens negros pobres está mais relacionada à exploração de fazendeiros ricos e empresas? E que esses cidadãos negros e/ou muito pobres, majoritariamente, apresentam um baixo nível de desenvolvimento cognitivo e instrutivo cruelmente explorado por seus algozes?
Educadora com larga experiência em educação infantil, atesto que de nada adianta a escola ensinar à criança Política, Filosofia e História, se em casa o fanatismo religioso dos pais destrói o seu senso crítico, escravizando-a às lendas bíblicas impostas e abstraídas como verdades absolutas. Somente as crianças com um grau de cognição elevado, um dia vão se soltar dessa danosa mentalidade grupal e buscar no Humanismo da Esquerda (geralmente se inserindo em partidos políticos) o seu ponto de apoio ideológico para conduzir sua vida.
Ilustração
Foto de autor desconhecido
Referências
Brito, Leila. Bendita Mulher Maldita. Belo Horizonte: Páginas Editora, 2018.
Brito, Leila. Sobre ser de Esquerda, Direita e Extrema-Direita e o que isto tem a ver com o Aborto. 4 jan. 2021. Chá.com Letras. Disponível em http://www.chacomletras.com.br/2021/01/aborto-versus-ideologia-politica/
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