Vídeo da Semana (Adélia Prado)
Com licença poética
Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.
ADÉLIA PRADO
Pensar a identidade feminina em sua máxima expressão literária é pensar a plenitude feminina da obra literária de Adélia Prado. Por isso, o seu nome foi trombeteado nos meus ouvidos por um anjo fugido das minhas crenças religiosas, mas nem por isso irremediavelmente banido dos ecos de minha memória afetiva, para homenagear VOCÊ – LEITORA DO CHÁ.COM LETRAS, no Dia 8 de Março – o SEU, o NOSSO tão humanamente batalhado e merecido “DIA DA MULHER”.
A maravilhosa (pois poética) palestra – O Poder Humanizador da Poesia – reproduzida no vídeo ao lado (à direita) foi pronunciada por essa valorosa MULHER DAS LETRAS, quando entrevistada pelo escritor mineiro Afonso Borges no seu programa cultural Sempre um Papo, em 2008. Seu conteúdo é uma explosiva aula de Arte Literária. Imperdível!
A você, QUERIDA LEITORA, o meu afetuoso abraço e o desejo de muitas conquistas em sua luta diária pela superação dos obstáculos inerentes à sua honrosa condição feminina. VIVA A MULHER!!!
LEILA BRITO
Belo Horizonte, 8 MAR 2011.
Referência:
PRADO, Adélia. Bagagem. Rio de Janeiro: Guanabara, 1976.
Ilustração:
Foto de autor desconhecido desta escritora.
Vídeo:
Cultura Para a Educação – Adélia Prado
Programa “Sempre um Papo”
<http://www.sempreumpapo.com.br/atuacao/index.php>
Assistí pela TV entrevista com Adélia Prado em sua residência. Espetacular!
Adélia Prado é dona de especial carisma aliado ao falar matreiro da mineira sábia que ama.
Adélia ama a vida, as flores, o café da manha, a família, a simplicidade…
Entrei aqui pra rezar,
agradecer a Deus este conforto gigante.
Ao cheiro de café minhas narinas vibram,
alguém vai me chamar.
Responderei amorosa,
refeita de sono bom.
A mulher maldiz falsamente o tempo,
procura o que falar entre pessoas
que considera letradas,
ela não sabe, somos desfrutáveis.
Comamo-nos pois e a desconcertante beleza
em bons bocados de angústia.
Sofrer um pouco descansa deste excesso.
(Adélia Prado)
Gostei muito desse vídeo da Adélia, ela foi magistral em suas colocações, muito humana e sensível, uma verdadeira artista poética no que há de mais belo e que ela mesma mostrou. Foi perfeita.
As mulheres são mestras em fazer arte e poesia das coisas mais simples da vida.
Parabéns Leila por essa brilhante escolha!
Adélia Prado me faz chorar.Todos os meus sonhos se resumem em um rosto de mulher.Uma poesia interiorana,uma alma no espaço Acadêmico…”Minha mãe cozinhava feijão roxinho”Como é maravilhoso ser simples.
Parabéns e que tenhamos muitos chás com letras.
Abraços poéticos.
Li só agora “Com licença poética”.
Não consegui reter as lágrimas.
Obrigada Leila pela oportunidade de conhecer esse texto.
Obrigada Adélia pelo conforto e pelo prazer.
Viva a flor e a simplicidade.
Cara Beatriz…
É sempre uma notícia emocionante saber que alguém se emocionou com um poema.
Obrigada pela presença sensível a este nosso espaço literário.
Volte sempre.
Abraço,
Leila
Leila, belissimo seu blog…Parabens
Obrigada Maurici…
Volte sempre.
Abraço,
Leila