O problema do mundo na visão de Bertrand Russell
O PROBLEMA DO MUNDO NA VISÃO DE BERTRAND RUSSELL
LEILA BRITO
“The fundamental cause of the trouble is that in the modern world the stupid are cocksure while the intelligent are full of doubt.” (BERTRAND RUSSELL).
“Todo o problema do mundo é que os estúpidos estão cheios de certezas, e as pessoas mais inteligentes estão cheias de dúvidas”
Ao inglês Bertrand Russel, reconhecido como um dos mais influentes matemáticos, filósofos e lógicos do século XX, é atribuído o mérito de popularizar a Filosofia, até então, restrita a círculos fechados da elite cultural. Respeitado como uma espécie de profeta da vida racional e da criatividade, exerceu grande fascínio sobre o público. E é com sutil inteligência que Russell conceitua, com essas palavras, que o senso crítico faz a diferença entre as pessoas, atestando a relevância da dúvida como fundamento da sabedoria. Assim, o filósofo atribui “todo o problema do mundo” ao antagonismo entre certeza e dúvida, dispostos por ele em uma espécie de campo de batalha.
Analisar tal conceito à luz da realidade existencial do homem contemporâneo, requer um exame crítico de fatores sócio-culturais dominantes como a religião e a política, onde tal oposição é facilmente identificada. No campo religioso, por exemplo, a exteriorização do fanatismo é a mais indiscutível confirmação da predominância da certeza sobre a dúvida e, portanto, da estupidez sobre a inteligência. Cultuando a fé como certeza, todas as religiões, sem exceção, aceitam, inquestionavelmente, a ideia da existência de deus e, com base nessa crença, transformam dogmas em verdades absolutas. O fanatismo próprio dos estúpidos se confirma no acirrado combate discriminatório ao ateísmo, com os crentes se posicionando como donos da verdade, não admitindo, sequer, o direito do ateu ao livre pensamento. No campo político, a mesma supremacia da estupidez sobre a inteligência pode ser constatada pelo entendimento deturpado das ideologias como verdades absolutas. Assim, aqueles que as questionam, que conseguem enxergar suas falhas, não são compreendidos por seus fanáticos seguidores.
Desta forma, o propósito de Russell é demonstrar que, como o campo das ideias está divido em dois pólos antagônicos, o problema central do mundo reside na disputa eterna que tal oposição provoca. De fato, por estarem convictos da certeza de suas ideias, ou seja, das ideias culturalmente dominantes, os estúpidos jamais se tornarão inteligentes, motivo pelo qual nunca se entenderão com estes que, por sua vez, alcançaram o conhecimento exatamente por duvidarem das próprias ideias e, por esta razão, das ideias dominantes. E como para o filósofo “aquilo que os homens, de fato, querem não é o conhecimento, mas a certeza”, atestando que o grupo dos estúpidos será sempre predominante, tem-se que a inteligência é virtude de poucos.
LEILA BRITO
Belo Horizonte, 18 SET 2009.
Referência:
BRITO, Leila. O problema do mundo na visão de Bertrand Russell. Chá.com Letras. Belo Horizonte, 18 set. 2009. Disponível em: www.chacomletras.com.br. Acesso em: dia mês ano (ex.: 16 out. 2009).
Ilustração:
Bertrand Russell – Foto de autor desconhecido desta escritora. Disponível em: <http://felipepimenta.com/tag/bertrand-russell/>.
Parabens pelo site. Elegante e culto.
Certamente dara uma grande contribuicao para proporcionar as pessoas um pouco d cultura, de poesia num pais onde ainda estamos carentes de cultura.
Parabens
Primeiro parabéns para o “filhote”, o blog está muito bom !!! lindo mesmo.
Agora vamos ao que acabei de ler .
Fanatismo, é terrivel, o pior e que querem nos impingir, uma nova religião, (todo dia tem uma nova), são as que exploram esse nosso povo, tão sofrido, com promessas e tirando o pouco q eles tem… Eu acredito em Deus, fui batizada, primeira comunhão, casamento, e os batizados dos filhos.
A diferença, é q se faz assim como eu, um ritual q ninguém + acredita… Mas é de “praxe”.
Não frequento a igreja, mas CREIO EM DEUS, a minha maneira. Meu marido não perde uma missa aos domingos. Vez q outra a gente tem uma ligeira discursão. Pontos de vista diferentes. Respeito a todos, e ATEU amiga, acredito, pôooo meu filho é ATEU convicto, isso desde quando começou a pensar, a ter opinião própria. Sempre respeitei, ah mas meu marido, ainda tentou, mas ele já tinha escolhido o seu lado.
A vida querida, com fanáticos ou não, sempre tem 2 lados, o barato é saber escolher o lado CERTO.
Beijos, vc sempre me faz escrever mas do q costumo.
Parabéns… o meu blog vai ficar honrado em colocar o seu … ++++ beijos
Visitei todo o blog.
Beleza pura.
Sua galeria, que lindeza.
Eu li, que Barcelona antes das Olimpiadas (92),estava com seu povo desanimado, não sei se essa é a palavra certa. Tentando resumir, foi planejada na parte + pobre de Barcelona… Sucesso até Hoje quando se fala em Olimpiadas…. Tomara que o meu Rio de Janeiro, tenha o mesmo sucesso…
E volte a ser a Cidade Maravilhosa.
Aguardo, o Brasil na sua GALERIA.
Quero olhar a sua Belo Horizonte, dizem linda, me apresente.
Beijos
Solange
Leila:
Mais uma vez, parabéns. Desta feita, por este excelente post sobre o filósofo Bertrand Russell, aliás, o meu preferido e que considero o maior pensador, filósofo e humanista do século XX, para não falar de outras de suas inúmeras atividades e qualidades (matemático, professor, ativista político, conferencista…). O lado humanista de B. Russell também é bastante ativo e representaivo em sua biografia de vida, mas pouco divulgado.
De fato, a visão de mundo de B. Russell é…, é…, é… fica até difícil encontrar palavras para explicar. Vou tentar definir com 3, mas sei que serão insuficientes: realista, inteligente e polêmica.
Sobre a temática deste post, veja, por exemplo, o que ele diz:
“# O fato de uma opinião ser amplamente compartilhada não é nenhuma evidência de que não seja completamente absurda; de fato, tendo-se em vista a maioria da humanidade, é mais provável que essa opinião difundida seja tola do que sensata. (e aqui um exemplo, não de B. Russell, mas que bem ilustra isso: ’As causas do “aquecimento global”(???)’ – grifo meu’).
# A estupidez coloca-se na primeira fila, para ser vista; a inteligência coloca-se na retaguarda, para ver.”
Aliás, sobre a unanimidade e as maiorias, o nosso notável jornalista, escritor e teatrólogo Nelson Rodrigues parece concordar com Russell. Reparem nesta sua célebre frase:
“Toda maioria é burra“. Às vezes ele se confundia e usava também : “Toda unanimidade é burra”. Não importa essa confusão que vez por outra fazia porque não altera o sentido da idéia.
Se quiserem conhecer mais sobre a biografia de Bertrand Russell e algumas de suas célebres frases, obras, etc. visitem a página “Biografias”, do blog Debata, Desvende e Divulgue!. na seção “Filosofia”. Segue o link para a página de Bertrand Russell (copie-o e cole em seu navegador):
http://debatadesvendeedivulgue.com/blog/?p=121
Vale a pena conhecer mais sobre B. Russell. Leiam tudo o que puderem! Se não puderem, leiam apenas a sua autobiografia, em 3 volumes, e que mais parece um romance (só que real), tão emocionante como foi mesmo a sua vida.
Russell deixou mais de 100 obras publicadas, destacando-se o clássico “História da Filosofia Ocidental”.
Brilhante a iniciativa da autora do post, ao homenagear Bertrand Russell.
Poetisa Leila,
Com alegria conheci a sua página, que é de muito bom gosto , grande riqueza de conteúdo, harmonia e inteligência.
Faço votos que muitos leitores conheçam mais este seu trabalho enriquecedor.
Parabéns
Caro Ivo,
No meu curso de pós-graduação estudei Russell apenas na disciplina Filosofia da Linguagem. Aliás, minha monografia foi pautada na crítica da teoria da comunicação dele (Russell) por Strawson. Russell criticou a teoria da comunicação de Frege, e Strawson provou que Frege estava certo. O que achei mais interessante na teoria de Russell foi ele transformar a frase “O Rei da França é careca” numa fórmula matemática. E isso para demonstrar o potencial de comunicação desta mensagem. Incrível!!!
Bom ter você aqui trocando idéias e passando informações preciosas sobre este grande filósofo contemporâneo.
Abraços,
Leila
Meus queridos…
Que maravilhoso receber todo este apoio e, em especial, comprovar que ele vem de várias regiões desse nosso maravilhoso Brasil e, até, do exterior.
Lembrando o grande poeta Gil, aqui vai meu agradecimento:
Alô, alô amiga Cleo Oliveira, de Valadares-MG e residente nos EUA, aquele abraço!
Alô, alô poeta carioca João de Abreu Borges, aquele abraço! O Rio de Janeiro continua lindo?
Alô, alô cariocas Beth Jurelevicius, Solange Cunha e Valter Estelita, aquele abraço!
Alô, alô Vivi do PSOL, Diva Franco, Marilda Oliveira e Débora Morais, de São Paulo, aquele abraço!
Alô, alô amigo Volnei Souza, de Divisa de Minas e residente em Barra Velha-SC, aquele abraço!
Alô, alô, escritor Pedro Braga, de Brasília, aquele abraço!
Alô, alô, Rivaldo e Petrônio Carvalho, de Salvador, aquele abraço!
Alô, alô Jorge Schlee, de Pelotas-RS, aquele abraço!
Alô, alô Shirley Machado , de São José dos Campos-SP, aquele abraço!
Alô, alô Tato de Macedo e André Luiz, de São Paulo, aquele abraço!
Alô, alô queridas irmãs Riva Brito e Ângela Brito, de Rio Acima-MG, aquele abraço!
Alô, alô querida mana Clarinha Brito, de Rio Acima-MG e residente em Paranaguá-PR, aquele abraço!
Alô, alô Rosana Brito, paulista residente em Milão, aquele abraço!
Alô, alô Ivo Reis, de Campo Grande-MS, aquele abraço!
Alô Sandra Bossio e Ricardo Faria, amigos de Belo Horizonte, aquele abraço!
Alô, alô Joseph Hanna, da Palestina e residente em Curitiba-PR, aquele abraço!
Alô, alô, grande Azenha, do blog VIOMUNDO, aquele abraço!
De fato… “Yo tengo tantos hermanos, que no los puedo contar”
besos,
Leila
Olá, Leila. Nada mau o site, e gostei do texto. A título de curiosidade, o meu texto sobre Honduras estava tão bom assim ou vc estava apenas me chamando por educação mesmo? 🙂
Leila a colocação de Bertrand Russel é deslumbrante.
A Sabedoria, habita com a prudência, e acha o conhecimento dos conselhos
Todas as palavras ditas pelos sábios: Não há nelas, nenhuma coisa tortuosa nem pervertida.
Todas elas são retas para aquele que as entende bem, e Justas para os que acham o conhecimento.
O sábio não repreende o escarnecedor, para que não te odeie; repreende o sábio, e ele o amará.
Leila, permita dar um exemplo de sabedoria, do compositor gaucho Lupicinio Rodrigues a letra da canção Dona Divergência, em 1939.
Composição: Lupicínio Rodrigues
Oh! Deus
Se tens poderes sobre a terra
Deves dar fim a esta guerra
E aos desgostos que ela traz
Derrame a harmonia sobre os lares
Ponha tudo em seus lugares
Como balsamo da paz
Deves encher de flores os caminhos
Mais canto aos passarinhos
À vida maior prazer
E assim, a humanidade seria mais forte
O mundo teria outra sorte
Outra vontade de viver
Não vá, bom Deus, julgar que a guerra que estou falando
É onde estão se encontrando tanques, fuzís e canhões
Refiro-me à grande luta em que a humanidade
Em busca da felicidade
Combate pior que leões
Aonde a dona divergência com o seu archote
Espalha os raios da morte
A destruir os casais
E eu, com o batente atingido
Sou qual um país vencido
Que não se organiza mais
Além de ter sofrido censura na ditadura, Lupicinio foi criticado pelo conteúdo desta linda composição.
A critica a meu ver foi injusta; ou não queriam revelar o sentido de sua mensagem, ou a sabedoria do crítico, não deu espaço ao sentimento, da verdade oculta, e comentou:
“ Ao declarar que não é a guerra de tanques, fuzis e canhões de que fala, mas refere-se a “grande luta da humanidade em busca da felicidade”, associada a harmonia conjugal. A ênfase apresentada pelo compositor quanto ao elemento romântico que caracteriza o samba-canção , demonstra a indissociável presença destas qualidades, quanto a identificação assumida por este gênero musical, na definição de uma forma assumida pelo mesmo. Tratar a questão romântica como prática recorrente na narrativa associada ao samba-canção é condição em sua formulação, em sua apresentação como tal. O compositor não poderia romper com esta que é uma de suas mais evidentes características, o que implicaria a perda de identificação com o gênero em questão”.
Como conceitua Russel, os donos da verdade, não admitem sequer o direito do livre pensamento.
No campo político, a mesma supremacia da tolice sobre a sabedoria pode ser constatada pelo entendimento deturpado das ideologias como verdades absolutas.
Assim, aqueles que as questionam, que conseguem enxergar suas falhas, não são compreendidos por seus fanáticos seguidores.
O Gaucho Compositor Lupicinio Rodrigues, ao declarar na letra da sua composição que “não é a guerra de tanques, fuzis e canhões”, refere-se a
“grande luta da humanidade que em busca da felicidade combate mais que leões”, refere-se as forças dominantes.
Pede o fim da Guerra, pelos desgostos que ela traz, derramar balsamo, flores nos caminhos, um mundo forte, com sorte ,e os povos com vontade de viver; aonde a Dona divergência, “Estados e os donos do poder” derraman os ráios da morte, destruindo os casais ” referindo-se as famílias “ que ficam com o batente atingido, gual um paíz vencido que não se organiza mais.
É como coloca Russel acima: “todo o problema do mundo” ao antagonismo entre certeza e dúvida, dispostos por ele em uma espécie de campo de batalha.
Abraços,
Marilda Oliveira
Leila, o atualíssimo Bertrand Russel descreve tão bem essa complexidade humana. O homem enquanto dono da verdade não evolui, simplesmente porque a verdade não é absoluta. Nós não somos absolutos. É maravilhoso o conhecimento, o conhecer. Só com essa espiadela no seu blog, lendo suas poesias e os comentários de seus amigos, eu já tomei conhecimento de saberes vistos por vários olhares. Muito bacana!
um grande abraço.
B.Russell foi uma figura admirável. Nele, quando jovem, bebi muito do que fui e sou. Aprendi com ele a não aceitar como definitivas as suas próprias asserções. Nesta caso em particular não sou tão radical contra a «certeza». Não teve Einstein certezas; não estamos nós certos da relatividade do espaço-tempo? De que somos mortais sem alma imortal? De que o fanatismo é uma opinião cega e dogmática? De que as religiões provocaram mais crueldades, guerras e sofrimentos, do que muitas outras causas? e de que o capitalismo torna-se necessariamente imperialista e colonialista?
Pela dúvida começa o filosofar. Mas não termina.
Bons textos os teus.
Моя история из жизни: мы как-то с мамой ехали в маршрутке,( мама спец по всем видам мяса на глаз определяет что это), на остановке залазит подвипывший мужик с куском свежака в одноразовом пакете. Едем. Маршрутка резко тормозит,мужик по инерции бежит вперед и пакет рвется ,оттуда выпадет свежак ,дальше мамины слова- ” Мужчина,у вас вымя выпало!” я медленно сползаю под сиденье , пассажиры ржут, мужик красный – выбегает на следующей остановке :)))
A verdadeira frase de Bertrand Russell foi:
“The fundamental cause of the trouble is that in the modern world the stupid are cocksure while the intelligent are full of doubt.”
Mas mesmo em inglês ela é citada com “ajustes” para a conveniência dos citadores: “The whole problem with the world is that fools and fanatics are always so certain of themselves, but wiser people so full of doubts”.
Não se sabe quem alterou, quem trocou “estúpidos” por “tolos e fanáticos”, nem quem trocou “inteligentes” por “sábios” — q, claro, não são sinônimos.
Cara Betty…
Agradeço-lhe pela providencial intervenção, pois como não tive acesso à versão original dessa obra de Russell, não sabia da descarada alteração vocabular promovida por algum interessado em ajustar a tradução aos seus objetivos pessoais.
Com base na sua informação, fiz a devida correção e ajustei o meu breve ensaio ao conceito original do filósofo, eliminando a imperdoável falha.
Muito obrigada! Volte sempre.
Abraço,
Leila